segunda-feira, 25 de abril de 2016

Sem emenda - A mentira mata!

O Governo não quer aprovar os seus planos no Parlamento. Nem o Programa de Estabilidade (que antes se chamava Estabilidade e Crescimento), nem o Programa Nacional de Reformas, uma versão desenvolvida do documento vácuo que tínhamos conhecido há umas semanas. O Governo entende, erradamente, que basta aprovar os seus planos, tão ou mais importantes do que o orçamento anual, nas reuniões paralelas com o PCP e o Bloco, após o que seguiriam para a União Europeia onde, com mais ou menos dificuldade, tudo seria aprovado.
Como é evidente, tal visão das coisas é pouco inteligente e nada democrática. As reuniões paralelas entre aliados não substituem o parlamento. A aprovação dos programas a Assembleia, mesmo que seja só com os votos dos aliados, dá força à posição do governo e do país. Os cidadãos apreciam. A democracia funciona.
Ainda não se sabe se vai haver voto formal ou não, nem quando. Mas é possível que tal aconteça. Pena é que tenha de ser a oposição, sempre acusada de despeito, a insistir para que isso se faça.
É verdade que, nestes procedimentos, há um problema ainda não resolvido. Como fazer? Onde se deve começar, em Lisboa ou em Bruxelas? Se os Programas forem primeiro aprovados em Bruxelas, por funcionários, que deve fazer o parlamento nacional? Calar e consentir? Ou recusar e criar um problema de todo o tamanho? Imagine-se então que os programas são aprovados em Lisboa, no Parlamento, e só depois seguem para Bruxelas. Se a União aprovar, não há problema, a não ser o da menoridade do Parlamento nacional, pois as suas decisões necessitam de referenda. Mas se a União não aprovar ou só o faça parcialmente, em que situação fica o Parlamento? Má, seguramente. Nas condições de um governo maioritário e não endividado, as soluções seriam encontradas com muita negociação e alguma diplomacia. Assim, sem maioria mas com dívidas, o fim desta história será sempre negativo.
A não ser evidentemente que se recorra à mentira, nova especialidade da política portuguesa. A exemplo do que se tem passado com vários casos actuais, o Governo poderia mentir ao Parlamento, à União e ao BCE. Com um pouco de sorte, poderíamos escapar por entre as gotas de água.
É caso para perguntar: que se passa com os dirigentes políticos portugueses? Raramente, na história recente de Portugal, se chegou a um ponto como este, de mentira e calúnia! Nem durante a revolução de 1975! O que se disse e fez a propósito do BPN, do BPP, do BCP, do BES, do BANIF e agora do BPI, ultrapassa o conhecido e o tolerável. Foram acusados de mentirosos um Presidente da República, três Primeiros-ministros, outros tantos ministros das Finanças, o Governador do Banco de Portugal e o vice-presidente do Banco Central Europeu, além de Comissários europeus, de banqueiros e bancários. Quanto a deputados, estamos conversados: parlamentares de todos os grupos acusaram e foram acusados de mentirosos.
O problema não é só de boas maneiras. É também de informação aos cidadãos e de punição dos mentirosos. Mas temos a infeliz certeza de que a política castiga mal a mentira. Tem sido possível mentir na praça pública e ficar impune. Pior: é possível mentir numa comissão de inquérito e nada acontecer.
O perjúrio em Portugal é tolerado. Ou mesmo louvado. Um conhecido advogado afirmou um dia em público que o “dever de qualquer advogado era o de mentir para defender o seu cliente”. Ninguém, na magistratura, na Ordem, no Parlamento ou na universidade, reagiu. Na política, não se pensa muito diferente. O êxito político justifica tudo. Desculpa a mentira e o perjúrio.
A impunidade é, entre nós, uma regra de comportamento. Um modo de vida. Com os conhecidos desastres dos bancos, ficam impunes os desmandos dos políticos e dos banqueiros.
Mas a mentira mata! Sobretudo as vítimas. Os cidadãos.


DN, 24 de Abril de 2016

Sem Emenda - As Minhas Fotografias

Chegada de soldados da Guiné a bordo do Niassa – No Verão de 1974, nas docas da Rocha do Conde de Óbidos, este navio prepara-se para desembarcar umas centenas de soldados acabados de chegar da Guiné. É uma das últimas viagens de regresso de soldados daquela colónia, que será independente poucos dias depois, a 24 de Setembro. No cais, o ambiente era de grande emoção, mas emoção alegre, percebe-se porquê. Foram momentos inesquecíveis para os que chegavam, os que esperavam e os que assistiam. Não muito longe dali, começam a empilhar-se os primeiros contentores com os bens dos repatriados e retornados. O navio Niassa serviu a tropa portuguesa durante uns anos nas suas viagens para o Ultramar. Assegurava parte do transporte de soldados para a Guiné, Angola e Moçambique. Em Abril de 1974, duas semanas antes do 25, as Brigadas Revolucionárias fizeram explodir uma bomba a bordo deste navio. O rombo não foi grande. O barco partiu à mesma, logo na manhã seguinte. Já lá vão mais de quarenta anos!
DN, 24 de Abril de 2016

domingo, 24 de abril de 2016

Luz - Mensagens chinesas, no Intendente, em Lisboa

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Numa rua particularmente frequentada por Orientais, este “placard” serve para trocar mensagens comerciais de toda a espécie. Tem tudo, recados, “precisa-se”, “oferece-se” e “procura-se”. Pedi a um rapaz que me traduzisse alguns, disse duas ou três palavras, “coisas para vender”, mas não quis entrar em pormenores. E eu não percebi tudo… (2015)

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Sem emenda - O Governo dos rapazes

Estes têm sido dias difíceis. Não por cansaço, que ainda não é tempo para tanto. Mas por falta de perícia. E de sabedoria. A remodelação de um ministro e dois secretários de Estado foi desagradável. Não mais do que isso, mas suficiente para revelar desordem nos espíritos.

O processo que conduziu à demissão do Chefe de Estado-maior do Exército tresanda a política, oportunismo e rivalidade. A posição do ministro ficou frágil.

A Educação parece calma, pois os sindicatos entenderam que era melhor abrandar a fim de bater mais tarde. O ministro não acerta, mas contenta os clientes. Ganha tempo, mas perde força.

Já se começam a sentir os efeitos das mãos generosas do governo. Por um lado, subida nas sondagens. Não muito, mas o suficiente para fazer sorrir. Por outro lado, o aperto financeiro. Começam a desaparecer as “folgas”…

A questão das nomeações continua viva. Há anos. Com todos os governos. Desta vez, com o Bloco e o PCP no radar, será ainda mais complexo. Cargos para os camaradas surgem todos os dias. Dirigentes seleccionados pela CRESAP já foram substituídos por decisão política discricionária. São inéditos os ataques ao Banco de Portugal.

Foi insólita a designação, nomeação e contratação do “meu melhor amigo há muitos anos” para tratar das situações delicadas, da TAP ao BANIF e ao BES passando por Angola… Assim é que se perpetua uma prática que conduziu à decapitação do Estado. Retirou-se-lhe a capacidade técnica e científica e procura-se nos escritórios, nas agências e nas empresas de consultoria os juristas, os advogados, os economistas e os engenheiros à altura. O Estado não emagrece, perde a cabeça. E fica dependente.

As trocas de acusações entre o Governo, os partidos, o Banco de Portugal, o Banco Central Europeu e a Comissão da União Europeia já foram longe de mais e deixaram sequelas. A esta altura de responsabilidades é impossível ficar impune e imune. Os acima nomeados já se trataram de mentirosos… Nunca se viu uma tal guerra aberta e ácida que enfraquece o país e a economia. É possível que a banca portuguesa não se venha a recompor tão cedo! Já tínhamos um logo percurso de erros, aldrabices e imperícia. Com a situação financeira internacional menos dramática, esperava-se que fosse possível salvar alguma coisa da banca portuguesa ou manter os pilares e as traves mestras de um sistema financeiro. É cada vez mais causa perdida.
O primeiro-ministro está radiante. Acredita no seu talento negocial e naquilo a que os jornalistas chamam há vários meses a sua grande habilidade, sem se dar conta de que é o pior que se pode dizer de alguém. Está satisfeito com a suavidade do Presidente Marcelo. Jubila com a cordialidade pacata do Bloco e a macieza do PCP.

Liderar um governo ou um país tem exigências. Uma delas consiste na necessidade de ser ou ter algo mais do que jeito para resolver problemas. A direcção política não se resume à habilidade para tratar de conflitos. A negociação permanente com os partidos, parceiros e grupos de pressão traz informação e traquejo, há mesmo quem lhe chame democracia, o que não é a mesma coisa. Mas é errada a crença de que a liderança resulta da negociação. É exactamente o contrário. A boa negociação resulta da capacidade de liderança. Da inspiração. Da existência de uma política.

Das peças avulso de um puzzle não sai uma imagem. A percepção da imagem é que vai ordenar as peças. Das azinhagas não sai um percurso. É o objectivo que selecciona os caminhos, o fim que define os meios. Ao contrário do que gostam de dizer os adolescentes românticos, o caminho não se faz caminhando. É o destino que desenha o itinerário.

É provável que António Costa venha a dizer aos colaboradores, aos membros do governo e aos apoiantes no Parlamento: “Já que sou o vosso Primeiro-ministro, sigo-vos!”.

DN, 17 de Abril de 2016

Sem Emenda - As Minhas Fotografias


A Apple em Barcelona – Uma loja como esta poderia ficar em qualquer sítio do mundo, Lisboa, Xangai ou São Francisco. É aqui ao lado, em Barcelona. Com mesas iguais, da mesma cor, com disposição idêntica e com as facilidades de consulta aqui visíveis, já as vi naquelas e noutras cidades. Eventualmente, numas há iPad e noutras iPhone ou ambos. Em tempos em que tanto se festeja a diversidade e a diferença, há marcas e produtos que insistem na uniformidade, na consistência de uma imagem e na familiaridade que daí resulta. Em Barcelona, a operação publicitada era a de lançamento de mais uma tablete, um iPad de último grito. A sede ficava bem no centro da Praça da Catalunha, um dos sítios comerciais mais reputados da cidade. Só era admitido um certo número de pessoas de cada vez. Para entrar, era necessário esperar que alguém saísse. Lá dentro, apesar da multidão e das filas de espera, era o silêncio. Na verdade, tratava-se de um lugar de culto…
DN, 17 de Abril de 2016

domingo, 17 de abril de 2016

Luz - Velha cabine telefónica, sem telefone, mas com Internet e Multibanco, em Knightsbridge, Londre

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Grande solução para aproveitamento destas famosas e belas cabines de telefone. De um lado, caixa de Multibanco. Do outro, oposto a este, um teclado e um acesso à Internet por um preço muito reduzido. Parece que ficaram todos a ganhar, os amantes da conservação e os sequiosos de modernidade! (2015)

sábado, 16 de abril de 2016

Sem emenda - Um país normal

As dificuldades na formação do governo, que bem conhecemos há poucos meses, são agora comuns. Aqui ao lado, a Espanha, com quem ficamos sempre a perder nas comparações, mostra que se pode viver sem governo e sem coligações durante meses. Já a Bélgica, durante quase dois anos, tinha revelado o mesmo jeito. A Itália e a Holanda também eram conhecidas por isso. Uma partidocracia obsoleta, predadora da democracia e incapaz de diálogo não parece ser privilégio ou exclusivo nosso!

As vias misteriosas da corrupção e do nepotismo multiplicam-se, mas a impotência da Justiça e das polícias de investigação cresce ainda mais. O universo opaco dos negócios, dos favores, das privatizações maliciosas e da internacionalização enviesada vai-se tornando mais denso. Das telecomunicações aos serviços financeiros, da energia aos petróleos, dos grandes serviços públicos à construção, a rede desenvolve-se. Parece também já ter chegado aos vistos de residência e aos transportes aéreos. As investigações alargam-se. As denúncias repetem-se. As acusações aumentam. Desconfia-se cada vez mais, sabe-se cada vez menos. Luxemburgo e Suíça, México e Brasil ficam aqui perto. Portugal figura no Lava Jato e no escritório do Panamá. É finalmente claro que Portugal faz parte do jogo. A corrupção é inclusiva, não deixa ninguém de fora.

Descobrem-se umas centenas de nomes portugueses nos ficheiros de uma lavandaria financeira do Panamá. Nada de especial a assinalar. Milhares de outros nomes preenchem as listas de clientes. Da Rússia, da Grã-Bretanha, de Espanha, de França e da Máfia. Não estamos sozinhos.

Há grande número de ex-políticos (de deputado a primeiro-ministro, passando por secretário de Estado, ministro e chefe de grupo parlamentar) visados pela justiça. Tal como dezenas de capitalistas, empresários, autarcas, altos funcionários, directores de polícias e advogados suspeitos, investigados e escutados. Bem vistas as coisas, nada muito diferente do que conhecemos em tantos países, da Espanha à Grécia, da Itália à França. Nem a Alemanha ou a Grã-Bretanha escapam. Talvez haja uma pequena diferença: na maior parte desses países, chega-se a uma conclusão e a uma sentença. Aqui, é mais difícil.

Um ministro faz e diz disparates de tal modo inconvenientes que é forçado a pedir a demissão após poucos meses de mandato, antes mesmo de fazer qualquer coisa que se veja. Eis que não é novo entre nós, mas sobretudo que também se vê noutros países, de França a Inglaterra, da Grécia à Islândia e até na Alemanha.

Uma velha frase muito cá de casa, “Isto só em Portugal!”, está a perder validade. Já quase nada se pode dizer que seja “só em Portugal”! Porque ficámos iguais aos outros ou porque abandonámos alguns velhos incómodos. Já não nos distinguimos por termos muitos analfabetos, muita mortalidade infantil, muita tuberculose, uma reduzida esperança de vida, um baixo consumo de proteínas, uma vetusta censura e uma velha ditadura! Portugal já virou essas páginas. Parecemo-nos cada vez mais com os nossos vizinhos europeus. Começamos a merecer ser incluídos na lista dos ricos, dos civilizados e dos desenvolvidos.

Talvez a absoluta falta de jeito dos Portugueses para a criação e manutenção de bancos, sobretudo honestos, seja uma das características singulares do nosso país. Com excepção de um ou dois casos, a história da banca portuguesa parece uma narrativa dramática de falências, desonestidade e cumplicidade política. Banco português, propriedade de capitalistas e banqueiros portugueses, com maioria de accionistas portugueses e presença dominante de famílias portuguesas é sinal de desastre!
Um país normal? Quase…
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DN, 10 de Abril de 2016

Sem Emenda - As Minhas Fotografias

Lada, Nicolau I e Palácio Mariinsky, em São Petersburgo – O Lada é uma das glórias da indústria soviética, agora russa! O carro surgiu nos anos 1960, feito com os italianos da Fiat numa cidade industrial fundada para o efeito, Togliattigrad. Os primeiros modelos eram parecidos com o famoso Fiat 124. Depois disso, o Lada já foi objecto de cooperação com os americanos da General Motors e com a Renault Nissan. Este modelo, dos finais do século XX, passeia-se na Praça de Santo Isaac, de São Petersburgo, em frente ao Palácio Mariinsky. Este último, que data dos anos 1830, é hoje a sede da Assembleia Legislativa da cidade e não deve ser confundido com o Teatro Mariinsky, tão importante quanto o Bolshoi de Moscovo. A estranha luz quase de pôr-do-sol é própria do fim de dia que, naquelas paragens, é perto das dez da noite. A estátua do Czar Nicolau I foi inaugurada no fim dos anos 1850, pouco depois da sua morte. Era, na altura, uma das raras estátuas equestres apoiada apenas em dois pontos, as duas patas traseiras.
DN, 10 de Abril de 2016

domingo, 10 de abril de 2016

Luz - A vida é super” e “Never”, em Alfama, Lisboa

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Numa rua estreita e minúscula de Alfama, um gigantesco camião transporta cerveja. Super Bock, está de ver. Naquele arremedo de esplanada, uma turista parece dialogar com o camião. (2015)

terça-feira, 5 de abril de 2016

Sem emenda - Integração e Multiculturalismo

Não é aconselhável confundir refugiado com imigrante, mas a verdade é que não se tem feito outra coisa. Só na Europa, o número de candidatos a refugiado é tal que quase estamos a falar de vagas de imigração. Como sempre, a difícil questão continua a ser: qual a política de acolhimento de imigrantes?
Há duas maneiras de organizar a recepção de imigrantes. Uma tem a designação genérica de integração. A outra de multiculturalismo. Sem contar os compromissos e as variedades possíveis, são estas as duas políticas essenciais.

Pela integração, são feitos esforços para assimilar e incluir os imigrantes nas sociedades onde vivem. São-lhes facultadas as condições necessárias à aprendizagem da língua, ao acatamento das leis vigentes, ao respeito pelos costumes, ao benefício dos direitos existentes e ao cumprimento dos deveres cívicos. Haverá certamente áreas de privacidade, incluindo religiosas, que os imigrantes poderão preservar, desde que não sejam incompatíveis, publicamente, com a ordem existente. Numa sociedade integrada, tendencialmente toda a gente vive com toda a gente, não há bairros segregados, nem guetos. As escolas são frequentadas por todos. O mesmo se aplica aos hospitais, aos tribunais e aos espaços públicos. Na Europa, os imigrantes têm o dever de respeitar o “ethos” cívico e democrático que caracteriza actualmente as sociedades deste continente. Estou convencido que a integração é, para a liberdade individual e a democracia, mas também para o bem-estar dos imigrantes, uma política superior e vantajosa!

Pelo multiculturalismo, tudo é feito, nas sociedades de acolhimento, para que os imigrantes possam manter e cultivar as suas tradições, regras de vida e valores, tanto privados como públicos. Numa sociedade multicultural, os bairros dividem-se, planeada ou espontaneamente, por etnias, as escolas são diferentes para cada grupo, podendo as instituições ter regras diferenciadas. A segregação pode ver-se no urbanismo, na economia doméstica e no emprego. Pode ser reflexo de autodefesa dos grupos minoritários ou da recusa da integração. As burcas e os niqab, a poligamia, a excisão das mulheres, a venda de crianças, as várias formas de escravatura, a proibição de bebidas alcoólicas, a interdição de conduzir automóveis, os casamentos contratados de crianças, as regras do poder conjugal, paternal e marital, assim como do poder político do sacerdote, são alguns dos exemplos de tradições que fazem parte das culturas não ocidentais. Creio que a fragmentação social, para não dizer “apartheid”, levada a cabo pelo multiculturalismo pode destruir os sistemas democráticos.

As questões de integração e do multiculturalismo têm sido abordadas a propósito dos atentados terroristas islâmicos. Não tem faltado quem os procure justificar com as famosas condições sociais. E com os traumas históricos. Ora, são cada vez mais débeis os argumentos que defendem haver uma relação entre imigração e terrorismo. Há hoje dezenas de milhões de imigrantes estabelecidos em comunidades onde não há qualquer terrorismo. Os Europeus têm dificuldade em tratar destes problemas com clareza. Deixam-se atrair pela demagogia com facilidade. Sentem culpas históricas próprias do pesado “fardo do homem branco”. Querem hoje redimir-se das suas culpas reais e fantasmagóricas do passado. Querem refazer a história. Foram incapazes de compreender os refugiados e repatriados brancos de África e de outras paragens. Classificaram de retornadas pessoas que nunca tinham visto, nascido ou vivido nas metrópoles… Para os Europeus com mal da história, um branco rodesiano ou moçambicano não vale um muçulmano francês ou belga. Pobres europeus que assim desistem e assim se culpam!

DN, 3 de Abril de 2016